tag:blogger.com,1999:blog-86216315688139587272024-01-24T16:19:56.414-03:00Exercícios de críticaRonaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.comBlogger9125tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-60053319790553705832018-05-28T11:13:00.001-03:002018-05-28T13:10:44.941-03:00DE JUNHO/13 A MAIO18: DA DESILUSÃO ÀS NOVAS POSSIBILIDADES<div style="text-align: justify;">
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em
2002, depois de mais de uma década de duras políticas neoliberais concernentes
às demandas do capital globalizado e produtivamente reestruturado, políticas patrocinadas
pelos governos Collor, Itamar e FHC, o PT ganhou uma eleição presidencial.
Equilibrando-se na onda favorável do crescimento da economia mundial e da alta
das <i style="mso-bidi-font-style: normal;">commodities</i> – ambos baseados na
acumulação do capital chinês: um misto de acumulação primitiva e uso intensivo
de alta tecnologia –, o governo Lula implementou políticas públicas que, sem
afetar o lucro da alta burguesia, distribuiu renda para os mais pobres e
estagnou as “classes médias” (trabalhadores mais escolarizados e melhor
remunerados, profissionais liberais, pequenos proprietários).</span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Com
a eclosão da crise financeira de 2008 – cujo estopim foi o </span></span><span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">mercado imobiliário
estadunidense – e seu espraiamento pelo mundo, Lula e Dilma tentaram contornar
os seus efeitos com o aumento dos gastos públicos e subsídios à produção
industrial e agrícola. Por algum tempo, essa equação funcionou, mas sem
resolução efetiva dos problemas essenciais da reprodução do capital em
terras tupiniquins e, muito menos, das duras condições de vida população trabalhadora. Mas, com a manutenção do
núcleo duro das políticas neoliberais (metas de inflação, câmbio flutuante e
superávit primário), nenhuma alteração substancial na estrutura produtiva e
financeira do país (dependência tecnológica e financeira, legislação tributária
concentradora de riqueza, sistema financeiro oligopolizado etc.) e com as
políticas públicas desaguando no mercado (PPPs, FIES, entrega das moradias
populares às construtoras etc.), se acumularam contradições. Os resultados principais
foram a redução da complexidade industrial, o crescente colapso da
infraestrutura urbana (superlotação de vias, especulação imobiliária), o
incremento das dificuldades da vida cotidiana e/ou expectativas frustradas de
ascensão social para grandes parcelas da população.</span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Em
junho de 2013, na fresta aberta pela luta do movimento estudantil contra o
aumento das tarifas de ônibus, houve uma explosão de descontentamento que
envolveu sobretudo membros das “classes médias” (isto é, das classes/estratos
não beneficiados pelas políticas públicas e que foram afetados pelo aumento de
custos resultante da pequena melhoria de vida dos mais pobres) e, em
quantidades muito menores, trabalhadores pobres e lumpemproletários. Milhões de
pessoas saíram às ruas contra a PEC 37 e bandeiras difusas, que, como em outros
momentos históricos, confluíam no rechaço à corrupção – ou melhor, contra os
corruptos (políticos e funcionários públicos e de empresas estatais), mas com
ampla leniência com os corruptores (empresários). Essas mobilizações ocorreram
num contexto mundial de crise do capital e, para enfrentá-la, de recrudescimento
das políticas neoliberais. E mais, um contexto de crescente oposição e
fragilização dos governos não-alinhados a elas (Venezuela, Argentina, Equador,
dentre outros). Por aqui, o fortalecimento do moralismo típico de frações das
classes médias alimentou o conservadorismo e a oposição ao governo petista. Houve, então, tanto o
crescimento do rechaço às ideias, valores e políticos identificados, real ou
ficticiamente, com o petismo e a esquerda em geral, quanto a valorização dos
movimentos e políticos de direita, sobretudo dos mais abertamente
antidemocráticos ou de tendências fascistas.</span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Nos
anos seguintes, sob a maré montante do neoliberalismo e o predomínio das demandas
do capital financeiro nacional e internacional, o governo Dilma aderiu à
austeridade fiscal para debelar a crise de confiança dos rentistas (corte de
gastos e de benefícios – aumentou prazo e diminuiu parcelas do
seguro-desemprego). Porém, com histórico duvidoso – certo intervencionismo
estatal, combate aos elevados juros bancários, PT como partido protagonista –, baixíssimo
apoio no Congresso Nacional (carcomido por interesses privados e imediatos) e
acossada por manifestações de rua insufladas pela Operação Lava-jato e seus
apoiadores na mídia, a popularidade de Dilma ruiu e, junto com ela, o país
mergulhou numa imensa recessão. Por conta disso, em 2016, numa orquestração jurídico-política
que foi da ilegalidade ao grotesco, Dilma foi apeada da presidência por um
golpe jurídico-parlamentar. Com a sua queda, a ilusão petista (misto de convicção
e pragmatismo) de governar em prol dos mais pobres pelos meios (legais e
ilegais) da política tradicional e sem atentar contra os interesses da classe
dominante se demonstrou inviável e, com ela, a de um “reformismo pelo alto” –
isto é, sem mudanças estruturais e sem apoio organizado e ativo das massas
populares.</span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Com
Dilma deposta, o governo de Michel Temer se apressou em implementar medidas
alinhadas com as demandas do capital, especialmente aquelas de sua fração
financeira. Mesmo com baixíssima popularidade, Temer promoveu cortes orçamentários
em serviços essenciais e fez aprovar leis para o congelamento dos gastos
públicos (com exceção do pagamento de juros da dívida pública) e reformas para
retirar direitos trabalhistas (lei da terceirização, mudança na CLT, lei de
greve contra os servidores públicos). Não bastasse isso, houve o
recrudescimento da repressão aos movimentos sindicais e populares em todos os
lugares e esferas de governo. Como desdobramento indesejado, essas medidas
tomadas para viabilizar os interesses do rentismo não apenas inviabilizaram
qualquer resolução para os problemas que, no governo anterior, já haviam levado
ao descontentamento das classes médias e das massas populares, mas os agravaram. </span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Logo
após o golpe, a corda no pescoço das classes médias ficou depositada na conta
dos governos petistas. Mas, com o passar dos meses, a exacerbação da rapina no
parlamento, o bate-cabeças no STF – e, de certo modo, no poder judiciário como
um todo –, a lentíssima retomada do crescimento econômico, o desemprego
estagnado em patamares elevados, a renda em baixa e outros motivos econômicos e
políticos alimentaram o combustível que, com a paralisação dos caminhoneiros, colocou
novamente as classes médias nas ruas. Dessa vez, no entanto, com certo
descolamento da responsabilidade petista. E, para o incômodo de frações das classes
médias e das classes dominantes, essa paralisação carrega o potencial de impulsionar
mobilizações e greves na classe trabalhadora. </span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por
conseguinte, em razão de suas consequências, a mobilização dos caminhoneiros
autônomos e das transportadoras abre uma nova conjuntura política no Brasil.
Até o momento, tínhamos um governo contestado pela esquerda, mas que contava
com apoio explícito da alta burguesia e, passivo – uma espécie de omissão –,
das classes médias. De agora em diante, o governo Temer, que, com o
engavetamento temporário da “reforma da previdência”, já havia sido duramente
golpeado pelos interesses de curto prazo e o crônico fisiologismo dos deputados
(preço pago pela burguesia para compor as suas demandas/interesses num arremedo
de democracia), pode se tornar um “morto-vivo”. Sem dúvida, as recentes mudanças
efetuadas na legislação atenderam a certas demandas do capital financeiro, mas o
“cobertor orçamentário” é curto para cobrir as demandas das diversas frações golpistas.
Por sua força objetiva e por terem sido duramente afetados pela política da
Petrobrás – que, para deleite dos seus acionistas, passou a regular os preços
em consonância com os cânones neoliberais e as flutuações do barril de petróleo
no mercado internacional e, internamente, do dólar –, caminhoneiros e
transportadoras arrancaram concessões do governo e, assim, colocaram nas cordas
a sua política fiscal. Isso significa que, além de potencializar a mobilização
de outras categorias, as conquistas dessa paralisação dos caminhoneiros arruínam
justamente a razão de ser do governo Temer – ou seja, do governo comprometido e
capacitado a reformar o Estado em favor do capital financeiro. Em outras
palavras, elas comprometeram duramente os motivos pelos quais essa fração da
burguesia apoiou Temer e a sua camarilha até o momento. E, mais do que isso, as
concessões efetuadas terão como resultado cortes orçamentários que, muito
provavelmente, incidirão sobre os serviços públicos destinados às já bastante insatisfeitas e impacientes massas
populares – da saúde e educação à previdência. </span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Outrossim,
no início do seu mandato, a burguesia alinhada em torno da Globo e dos
justiceiros da Lava-jato não conseguiu derrubar Temer, mas essa mobilização dos
caminhoneiros e transportadoras – e, se ocorrer, a greve dos petroleiros – pode
encurralá-lo, derrubando-o ou colocando-o numa condição semelhante aos últimos
meses dos governos Sarney e Dilma. Com isso, o cenário instável pode suscitar
resoluções inesperadas e/ou extremas. De um improvável renascimento de Lula ou
candidaturas à esquerda ao domínio avassalador de Bolsonaro, as possibilidades
estão em aberto. Porém, um fortalecimento da classe trabalhadora e de suas
lideranças só pode ser vislumbrado com a retomada das ações grevistas, nas ruas.
Os verde-amarelos não constituem um bloco homogêneo e não-disputável pela
esquerda. Ao contrário, a disputa está em aberto em todos os flancos – para a
esquerda, mas também para a direita. Nesse sentido, urge a necessidade de ruptura
com as vacilações do peleguismo sindical e do reformismo político e, assim, de
construção de um programa econômico que sirva como aglutinador de forças da classe trabalhadora e aproximação com as massas populares em geral. Não se trata de erguer
uma bandeira política (eleição, democracia) e, subordinada a ela, algumas
ideias econômicas, mas erguer um conjunto coeso de reivindicações econômicas e,
subordinada a elas, perscrutar os caminhos políticos viáveis de sua realização.</span></span><br />
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></span>
<span style="margin: 0px;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">Por
fim, para quem sabia que, em razão do marasmo econômico e das eleições
incertas, 2018 seria um ano de fortes emoções políticas, este final do mês de
maio, para o bem ou para o mal, tem descortinado um ano de incertezas e emoções
muitíssimo maiores. Trata-se, então, de acompanhar atentamente o desenrolar dos
acontecimentos e, na medida do possível, intervir para dar-lhe um curso mais
concernente aos interesses da classe trabalhadora. E, como sabemos, essa não é uma
tarefa fácil.</span></span></div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-67301459726583640932016-10-03T16:52:00.002-03:002016-10-04T06:41:47.406-03:00Eleições municipais: derrota eleitoral e perspectivas da esquerda para o próximo período<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;">Nas eleições de ontem, o PT
sofreu uma grave derrota eleitoral. Para muitos, há tempos que o PT abandonou o
campo da esquerda. Para outros, </span><i style="font-family: "century gothic", sans-serif;">stricto
sensu</i><span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;">, ele nunca esteve propriamente lá. Socialista, jamais foi. Em seus
melhores dias, seu ideário constituiu uma espécie de liberalismo
democrático-radical, nunca tendo sido animado univocamente pelo pensamento
marxista. Mas, seja como for, estando ou não na esquerda, o PT, por motivos
diversos, é identificado como o maior e mais importante partido de esquerda do
Brasil. Para o grosso das massas populares, pouco ou nada há na esquerda além
do PT. Por isso, queiramos ou não, a crise do PT é a mais grave expressão, em
nossa história, da crise da esquerda. Por suas virtudes e vicissitudes, os
erros do PT são lançados na conta da esquerda em geral. <br /><br />Nesse sentido, criticar os erros do PT é dever fundamental da esquerda. Mas, sob certos aspectos, também é importantíssimo
defendê-lo dos ataques da direita. Criticá-lo por ter chafurdado na corrupção é
justo e necessário, pois, aqui, ele comungou das mais torpes práticas políticas
dos nossos inimigos de classe – dos partidos da direita. Igualmente, devemos
fazê-lo em relação àquelas medidas econômicas e políticas regressivas que foram
implementadas pelos governos Lula e Dilma. No entanto, é nosso dever defendê-lo
de todos os ataques que, por meio dele, visam desqualificar tudo aquilo que remete
ao popular, ao democrático e ao socialismo. Do mesmo modo, há que sermos
intransigentes na defesa de um tratamento digno e republicano aos seus quadros corruptos,
bem como no clamor para se estender a investigação e a punição aos corruptos
que são seus adversários políticos. Pelo curso natural dos acontecimentos, nem
um e nem outro ocorrerão.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;">Nessa difícil encruzilhada,
momento em que o avanço conservador e a crise petista colocam enormes desafios
para a reconstrução da esquerda – além, é claro, da difícil conjuntura
internacional –, cabe salientar que a experiência governista do PT fez emergir,
com mais intensidade do que em qualquer período anterior, a certeza de que as
nossas classes dominantes (proprietários de terras e dos meios de produção,
sejam eles nacionais ou estrangeiros) e frações expressivas das classes médias
são completamente incapazes de apoiar qualquer movimento pelo avanço
democrático em nossos país – vide que até seus partidos "de centro", nos
últimos anos, têm abraçado regressões civis e medidas econômicas fortemente
antipopulares. Em outras palavras, combalido pelo golpe de 1964 e morto pela
integração subalterna no processo de mundialização – cujo corolário foram as contrarreformas
neoliberais (que ainda pressionam para mais regressões) –, o sonho de um “capitalismo
autônomo e independente” tornou-se, definitivamente, com a experiência “neodesenvolvimentista”,
um espectro incapaz de alimentar qualquer expectativa de profundas transformações
sociais. O que antes era uma possibilidade se revelou, nas condições atuais,
mais do que nunca, uma impossibilidade objetiva, um beco sem saída da história.
O sonho do capitalismo autônomo, cultivado por setores tanto das classes
subalternas quantos minorias das classes dominantes, tornou-se o nosso
unicórnio político. <br /><br /><o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;">Para extrairmos algumas das
implicações disto, pensemos: quais seriam, no espectro político-partidário
atual, os aliados dos trabalhadores numa luta pela democratização (formal e
substancial) do país? Como, após a experiência neodesenvolvimentista do PT,
ainda se pode crer na viabilidade da construção uma democracia burguesa com
mais direitos e participação popular? Ou seja, como se pode crer na
possibilidade de alargá-la aos moldes das democracias dos países centrais (as
quais, por sua vez, têm se estreitado)? E mais, como fazê-lo se, para todos os
espectros das nossas classes dominantes e seus representantes
político-partidários, a necessária elevação substancial do padrão de vida
(material e cultural) das massas populares é uma alternativa completamente
descartada? <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "century gothic" , sans-serif;"><br />A nosso ver, nessa quadra
histórica, o caráter conservador (e mesmo reacionário) das classes dominantes
brasileiras expressa muito mais do que uma simples indisposição subjetiva para
a mudança; ele expressa os constrangimentos objetivos da reprodução da economia
nacional – subalterna e dependente – no contexto da mundialização do capital. Portanto,
a questão é a seguinte: se o alargamento da democracia burguesa no Brasil exige
a expansão de sua base socioeconômica e cultural e, por sua vez, este se tornou
impossível no contexto da regressão neoliberal no capitalismo altamente
financeirizado dos dias atuais, será que, esbarrando nas condições estruturais
de reprodução do capitalismo dependente, as exigências imediatas não colocam as
próprias transformações estruturais na ordem do dia? E mais, se a regressão
neoliberal exige a implementação das contrarreformas, as melhorias conquistadas
nos governos petistas – e, nisto, eles podem ter sido positivos –, por mínimas
que sejam, não serão arrancadas facilmente das massas populares. Ao mesmo
tempo, nesse quadro estreito, o movimento abrangente e decisivo destas terá
impacto sobre a totalidade da reprodução social. <br /><br />A batalha eleitoral está
perdida. Porém, as batalhas decisivas da guerra de classes são travadas noutras
frentes, especialmente nos locais de trabalho da cidade e do campo, bem como
nos bairros periféricos das grandes e médias cidades. Se for assim, não apenas o
dilema socialismo ou barbárie retoma sua atualidade histórica como, ao mesmo
tempo, a derrota eleitoral da esquerda colocará, para a direita, o desafio de
fazer as contrarreformas num contexto bastante adverso. Trata-se, então, de
estarmos preparados para as duras batalhas sindicais e políticas – que, pelo
visto, não vão demorar para recomeçar. </span></div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-15776449802785243762016-03-18T17:22:00.001-03:002016-03-19T11:23:38.944-03:00Das manifestações de 18.03.2016<div style="text-align: justify;">
<span style="background-color: white; color: #141823; font-size: 14px; line-height: 19.32px;"><span style="font-family: "trebuchet ms" , sans-serif;">Nas sociedades capitalistas, todo estado, com ou sem concertação de classes no governo, é burguês. Portanto, o complexo jurídico que ele estrutura – e, por sua vez, é estruturado – também é burguês. Isso não significa, no entanto, que ele esteja imune a leis que, aqui e ali, das trabalhistas às civis, atendam a certas demandas dos trabalhadores. Ocorre que tais demandas somente podem ser atendidas em condições correspondentes às possibilidades de reprodução da ordem social sobre a qual ele se ergue. Como, em razão da nossa história, temos uma economia de desenvolvimento estreito, dependente e subalterno, nossa democracia lhe é correspondente – estreita, seletiva. Nesse sentido, as massas populares sempre viveram formas agudas de pobreza material e cultural e tiveram pouco acesso às franquias democráticas. Para elas, essa democracia não pode ser defendida porque, de fato, ela nunca se realizou. Os governos petistas – especialmente entre 2003 e 2010 –, atuaram com vistas a amenizar essa miséria renitente e aguda, mas, mesmo que melhor do que todos os governos anteriores, sua atuação foi bastante limitada. Em razão disso, excetuando mobilizações pontuais, não se pode esperar que as massas populares mais pobres e exploradas saiam às ruas para defender esse governo, assim como não sairão para defenestrá-lo. Cada vez menos elas se identificam com ele e, ao que parece, não depositam nenhuma confiança nas lideranças do oposicionismo de rua e nem no institucional. Em suma, posso estar errado, mas penso que, por ora, estão numa espécie de deriva política. Não confiam mais nas lideranças tradicionais da (pseudo)esquerda majoritária; porém, nem a esquerda anticapitalista e nem a direita tradicional conseguiram conquistar-lhe corações e mentes. Eis um gravíssimo perigo, pois, se cooptadas pelo protofascismo de estratos crescentes das classes médias, a escalada da reação será muitíssimo maior do que a que vemos atualmente, com graves consequências na vida cotidiana de todos nós. Por isso, urge que a esquerda anticapitalista e os setores mais combatentes da socialdemocracia se unam numa frente política enervada por um programa econômico que, de fato, aponte para a resolução dos problemas concretos dessa imensa parcela da população brasileira – trabalhadores pobres e lumpemproletários, sobretudo os jovens (largamente ausentes nas manifestações da direita). Somente isso poderá atrai-la para uma ação política progressista. Do contrário, não apenas a esquerda cairá com Lula, Dilma e o petismo, mas também irão para a tumba as “liberdades democráticas” que, até agora, têm dado resguardo à organização política de certos estratos dos trabalhadores e das classes médias progressistas. Com a gritante transferência de questões políticas para o judiciário – cujo mito de poder independente e imparcial o petismo (mas não só) tanto alimentou –, não teremos sobre nossas cabeças a nua e crua botina dos militares, mas esta envolvida na – e justificada pela – toga dos magistrados. Por isso, embora necessária, a saída às ruas no dia de hoje não pode assumir as formas do governismo acrítico e nem fomentar a expectativa de que esta ação é resolutiva. É necessário muito mais. É necessário rearticular as lutas imediatas por liberdades democráticas e conquistas econômicas com a consistente luta (teórica e prática) contra o capitalismo e seus mitos. Trata-se, portanto, sem sectarismo ou ilusões revolucionárias infundadas, de construir uma alternativa pela base à crise vigente, pela organização e vinculação às massas populares e suas demandas – que, sobretudo e primariamente, são econômicas. Enfim, eis uma tarefa ao mesmo tempo titânica e urgente.</span></span></div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-90415634417723334882015-03-16T16:55:00.004-03:002015-03-16T19:45:16.054-03:00Duas breves observações sobre as manifestações de 15/03<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 150%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 200%; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">FATO – Nós, da esquerda anticapitalista, precisamos entender as
manifestações de ontem para intervir e confrontar ideias e práticas. Porém,
precisamos ter cuidado para não pintar o demônio ainda mais feio do que ele já
é – porque, convenhamos, o bicho é feio! TFP, maçonaria, protofascistas, viúvas
da ditadura, golpistas, moralistas religiosos e laicos, direitistas convictos,
extrema-direita, preconceituosos de todos os matizes e muitos “ingênuos úteis”
protagonizaram as imensas manifestações de ontem (misto de protesto com passeio
de domingo). Manifestações que, entre algumas motivações legítimas e muitas
bandeiras reacionárias e bisonhas, trouxeram à praça pública sentimentos,
ideias e valores difusos, confusos e sem propostas/caminhos resolutivos; e, em
seu bojo, expuseram e alimentaram os mais ignóbeis preconceitos de classe.
Motivos para isso? Há muitos, como, por exemplo, a politização perversa
promovida pelo PT nos anos de governo federal, donde a concessão aos mais
pobres teve como moeda de troca o passivo apoio eleitoral e o abandono das ruas
e, para a burocracia sindical e outros movimentos, a falência da organização
nos locais de trabalho, da base. Estes são motivos que cresceram
assustadoramente na última década e meia. Há, porém, motivos históricos,
estruturais. Dentre eles, o principal talvez seja que, num país de passado
escravocrata e caracterizado pela mais do que secular e renitente
desqualificação política dos populares pelos membros das classes dominantes e
médias, não há como negar que, por trás da aversão ao PT – por mais legítimas
que sejam certas críticas e desconfianças –, palpita o mal-estar e a aversão
que estas classes nutrem aos trabalhadores pobres e, mais recentemente, à sua
pequena ascensão econômica, que teve como resultado sua maior presença/ocupação
em espaços públicos e privados. Além, é claro, de um longo e entranhado
anticomunismo. Pois, afinal, devido à origem, muitos e muitos supõem – alguns,
mais inteligentes e desprovidos de integridade, veem funcionalidade política em
confundir – que o PT seja um partido de esquerda e, portanto, comunista.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="background-color: white;"><span style="color: #666666;"><br /></span></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 200%; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">QUESTÃO – Essas manifestações, longe de terem sido obra da manipulação
dos meios de comunicação e da conspiração imperialista (como insistem muitos
petistas) – embora, como sempre ocorre quando a direita se move, esses
elementos estivessem presentes –, foram, em sua composição variada, formadas
primordialmente por profissionais liberais, pequeno-burgueses, assalariados de
médio e alto escalão e funcionários públicos (com participação, ainda que
baixíssima, de trabalhadores pobres – ou seja, a massa da periferia das cidades
brasileiras). Nisso, eis um aspecto que pode tornar o bicho menos medonho:
tínhamos homens e mulheres insatisfeitos com a corrupção e a falta de
transparência das instituições e, também, com a política econômica. Ou seja, os
problemas que alimentam o descontentamento e, de algum modo, compõem a carga de
motivos que os empurraram às ruas não são apenas reais, mas, sob diversos
aspectos, são também confluentes àqueles que assolam a massa do compósito
proletariado brasileiro (urbano e rural). Por conseguinte, ainda que eles
estejam embrenhados em ideias e valores da ideologia burguesa (em seu amplo
espectro de matizes), não se pode considerar que façam parte de um campo em que
não há mais disputas a serem travadas. Ao contrário, a unidade dos diversos
segmentos sociais que compõem essas manifestações não vai se sustentar quando
as reivindicações deixarem o campo etéreo e difuso da luta contra a corrupção e
aterrissarem no campo concreto das disputas materiais. Isto ainda não aconteceu,
mas é inevitável que ocorra. E, quando ocorrer, a luta de classes, envolvida (e
escondida) pelo confuso biombo da disputa entre petistas e antipetistas,
exigirá posicionamentos muito mais consistentes e concretos das direções
sindicais e políticas.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<span style="color: #666666; font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 200%; mso-bidi-font-family: Helvetica; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR;">Dentre outros motivos, sua emersão ao primeiro plano da luta política é
inevitável porque o governo Dilma fará nova guinada à direita, aprofundando as
medidas de ajuste fiscal e recessivas para apaziguar os ânimos dos capitalistas
(nacionais e estrangeiros) – ou seja, apertará o arrocho sobre os
trabalhadores. Parte dos que saíram às ruas ontem, sem ter clara consciência
disso, gostariam que o governo atuasse na direção contrária – embora, é claro,
não saibam quem poderá fazê-lo –, pois medidas dessa natureza os prejudicam.
Portanto, quando essa unidade se esboroar, a desorientação resultante terá que
ser preenchida pelo esclarecimento e a apresentação de alternativas reais,
concretas, para os graves problemas do país; ou seja, medidas que, ancoradas
nas lutas concretas, afetem a materialidade primordial da nossa existência
social – a estrutura econômica e suas formas de propriedade. Eis uma tarefa
para todos nós: construir uma plataforma unitária que sirva como polo
aglutinador e incentivador de lutas sociopolíticas orientadas pelas demandas do
trabalho.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="background-attachment: initial; background-clip: initial; background-image: initial; background-origin: initial; background-position: initial; background-repeat: initial; background-size: initial; line-height: 200%; margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
</div>
</div>
</div>
</div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-59656825032140195282014-10-28T09:11:00.004-02:002014-10-28T22:53:37.348-02:00Para além do divisionismo regional, o reconhecimento das divisões em classes<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: large;">Nas últimas semanas, vi muitas pessoas de bom nível escolar sustentando um discurso
moralista do bem contra o mal, dos retos contra os corruptos, dos apaziguadores
contra os irresponsáveis incendiários que incitam o ódio de classes.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Neste
domingo, com o término da eleição, vi, com certo espanto e curiosidade, essas
mesmas pessoas destilarem seu ódio contra os nordestinos e todos aqueles que
votaram na candidata petista. Vi afirmações discriminatórias contra os nordestinos,
contra os pobres, e, também, pregações pela separação do Sul-Sudeste do
Nordeste. Em suma, vi o “bom mocismo” ruir.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Essas
pessoas que falam em divisão do país esquecem-se de algo básico: o país está
dividido desde seu nascimento, pois a colonização portuguesa deita raízes na
exploração/escravidão de indígenas e, sobretudo, da população de origem
africana. Não foi o PT que inventou a luta de classes. De fato, ela não é uma
invenção e nem o resultado da incitação ao ódio pelos insanos
petistas/comunistas. A luta de classes é um aspecto estrutural das sociedades
cindidas entre proprietários (dos meios de produção) e não-proprietários. Este
é um conhecimento elementar da realidade social, e não apenas entre os cientistas
sociais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Para
aqueles que querem um país realmente mais justo, fraterno e unido, trata-se, no
imediato, de enfrentar as consequências divisionistas (reais ou ilusórias) impulsionadas
pela distribuição dos votos, manifestas nos dilemas petismo e anti-petismo, nortistas
e sulistas. Isto, porém, não basta. Os setores/movimentos/partidos de esquerda
precisam compreender melhor o país e sua dinâmica política para construir a “unidade
possível” – isto é, nucleada pelo proletariado, uma unidade entre as classes
subalternas e frações da pequena burguesia/classe média. Unidade para a luta. Unidade
para o enfrentamento desses e de nossos problemas estruturais.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br /></span></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif";"><span style="font-size: large;">Nesse
sentido, é fundamental saber que há muitos e muitos desses agentes da
transformação – ou seja, de membros das classes subalternas – que votaram em
Aécio, Alckmin, Richa etc. e, por conseguinte, estão sob a influência
política e ideológica da direita. Portanto, superando o prisma fundamentalmente
eleitoreiro e político, urge a necessidade de tratarmos e analisarmos a estruturação
das classes, suas articulações socioeconômicas e, assim, suas manifestações e
composições políticas para qualificar a intervenção e contribuir com o avanço
da consciência de classe.</span><o:p></o:p></span></div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-23515530063952638362014-10-24T22:13:00.004-02:002014-10-28T09:40:07.057-02:00Eu, a urna, o voto<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Neste domingo, estarei
novamente exercendo minha cidadania: eu, a urna e, nela, o voto. Ah, que
solidão! Não é bastante perceptível que esse ritual da democracia burguesa, controlada
e limitada, é, ao seu modo, um empobrecimento da prática democrática? Parece um
ritual higienista: todo mundo asséptico, sem panfletos, sem barulho, sem
debate, sem... democracia. É o estado zelando pela nossa consciência! E o zelo
no ato, a sacralização ritualística, é simplesmente o ápice fetichista de que,
ali, estamos decidindo, com a consciência limpa e tranquila, os destinos da
nação. Ilusão!</span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Revival565 BT","serif";"><br /></span>
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif";">Voto na Dilma! Os motivos? Já escrevi em postagens anteriores. Porém, muito do que ocorrerá a partir deste domingo já foi decidido; não por nós,
mas sim pelos poderes econômicos e políticos que sustentam as respectivas candidaturas.
Se, como trabalhadores, quisermos, de fato, interferir nos destinos da nação –
ou seja, no nosso destino –, temos que, passado este momento modorrento, nos
mobilizarmos, ocuparmos as ruas, os espaços públicos e, em nossos locais de
trabalho, fomentarmos a mobilização sindical e política. Isto porque é ali,
nesses espaços, que, em condições muito mais favoráveis e sustentáveis, poderemos,
para além dessa modorra política do capital, dar vida à democracia do trabalho.
Esta, afinal, é aquela que mais nos interessa. </span></span><br />
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "Revival565 BT","serif";"><br /></span>
</span><span style="font-family: "Revival565 BT","serif";"><span style="font-size: large;">Depois do voto, a luta!</span><o:p></o:p></span></div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-68169010934200888222014-10-12T15:30:00.002-03:002014-10-13T18:55:49.769-03:00Você vai votar na Dilma? (intermezzo)<div class="MsoNormal" style="text-align: justify; text-indent: 35.4pt;">
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;"><span style="font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nos anos 1990, o PT tornou-se um partido profundamente integrado à ordem social e política. Um
partido de origem popular, mas, que, em suas constantes transformações, se metamorfoseou em mais um dos partidos burgueses – embora, sem dúvida, não seja um partido burguês
tradicional. Nesse processo de adaptação, o trabalho de base foi sendo minimizado/eliminado
pelas seguintes e principais razões: 1) a incorporação do partido ao aparato
estatal fez das instâncias executivas e parlamentares os mais relevantes centros
de deliberação das ações políticas e, principalmente, eleitorais; 2) tal
incorporação, fruto da burocratização,</span><span style="font-size: 16px; line-height: 18.3999996185303px; text-indent: 47.2000007629395px;"> também a intensificou, </span><span style="font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">levando milhares e milhares
de quadros dos movimentos sindicais e populares a cargos estatais – tornando-os
dependentes desses cargos recém-adquiridos para sua sobrevivência econômica, sobretudo
quando tal cargo possibilitou a ascensão do padrão de vida desses indivíduos;
3) pelo descolamento e desorganização da base que provocou, a burocratização também
fez com que o partido ficasse cada vez mais dependente de recursos
(financeiros, materiais e humanos) para as campanhas eleitorais e, ao mesmo
tempo, sustentou as posturas antidemocráticas dos dirigentes nas instâncias de
deliberação interna; 4) por fim, devido a essa plena integração ao jogo
eleitoral burguês – e, assim, à lógica dos gastos astronômicos com agências de
publicidade e cabos eleitorais pagos –, muitos foram envolvidos pelo tráfico de
influência e pela corrupção, pois, como para TODOS os outros grandes partidos, devido
ao modo como o sistema político está organizado, esse é um caminho praticamente
inevitável para a manutenção de muitos quadros no aparato estatal.</span></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Um dos
nós dessa situação é que, embora integrado à ordem sociopolítica, o PT não é
simplesmente mais um dos partidos da ordem, mas, dentre estes, é justamente
aquele que, de modo massivo, levou à cúpula do Estado brasileiro indivíduos oriundos
das massas populares. E o mais importante, não apenas oriundos delas como, ainda,
são (ou foram) reconhecidos por elas como seus legítimos representantes. Portanto,
um partido identificado com projetos políticos que não apenas visa(va)m a atender
demandas básicas das massas (o que, em determinadas condições sociopolíticas,
um partido tradicional pode fazê-lo), mas que o faz movido por fortes intenções
igualitárias. Daí que, para milhões de pessoas, e em meio a múltiplas confusões (e manipulações) que certas ideias padecem nos dias atuais (basta atentar para os nomes e os
discursos dos partidos), o PT seja considerado um partido de esquerda. E, não
bastasse isso, para alguns outros milhões de indivíduos confusos (mas
influentes) da classe média – incentivadores de posturas autocráticas ou, em
alguns casos, fascistas –, ele é identificado como um partido “socialista”, “comunista”
(Sobre isso, inclusive, a quantidade de aberrações que circulam nas redes
sociais é imensa. É assustador o número de pessoas, tidas como inteligentes e
informadas, que fundamentam suas opiniões em “memes” da internet, nas
reportagens da Veja e do JN, que transformam os posts do Álvaro Dias em fonte de
informação, fazem vínculos descontextualizados em relação a Cuba e Venezuela,
ou, ainda, lançam a famosa pérola da estupidez política: “o Brasil precisa de
bons administradores!”). Por esses e outros motivos, o PT nunca foi (e dificilmente
será) um partido em que a burguesia possa ter um grau de confiança tão elevado
quanto aquele que, de modo mais adequado, encarna suas demandas políticas e
econômicas, o PSDB. Nesse sentido, como apaziguador das insatisfações populares,
o PT cumpriu (e, talvez, ainda possa cumprir por mais algum tempo) um
importante papel para a burguesia brasileira, especialmente para sua fração
mais dependente da intervenção do Estado para proteger o mercado e estimular os
investimentos. </span><br />
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span><span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"> Nisso tudo, há, porém, uma “pedra no caminho”.</span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Na
década passada, em razão das condições econômicas favoráveis (crescimento
econômico, exportações e arrecadação em alta etc.), foi possível conciliar as ações
econômicas concernentes aos interesses da burguesia – com ênfase para a
referida fração desta classe – com o atendimento de demandas populares, pois,
afinal, a elevação da renda e do poder de compra (aumentos dos salários e dos
créditos) incentivou muito a acumulação de capital em setores em que há um
predomínio (ou, ao menos, forte presença) de capital nacional (serviços em
geral, comércio de varejo, construção civil). Nesse contexto, ao fazer
concessões econômicas e sociais aos trabalhadores mais pobres (proletários rurais
e urbanos de baixa qualificação, desempregados, lumpemproletariado), as quais
resultaram em melhorias efetivas em suas condições de vida, o governo Lula
obteve amplo apoio popular. Porém, dada a composição de interesses com o grande
capital, essas melhorias não se fizeram sentir – ao menos não de modo significativo
– entre os trabalhadores de qualificação e remuneração mais elevadas
(excetuando alguns, como os beneficiados pela expansão de concursos na
administração pública e, em certos casos, pelo crédito, PROUNI e expansão das IES federais). Ao contrário, parcela importante destes passaram a
sentir os efeitos – para muitos, negativos – dessa ascensão salarial dos
trabalhadores mais pobres, como, por exemplo, a ocupação dos espaços públicos e
privados, o aumento da circulação nos transportes e nas vias de trânsito de
veículos e a explosão da especulação imobiliária. Ao mesmo tempo, observou-se uma
alteração nas próprias necessidades daqueles trabalhadores que ascenderam em
seu padrão de vida/consumo, consolidando, entre muitos, um novo perfil de exigências/reivindicações.</span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Enredado,
então, nesse contexto de crise e novas demandas, o governo Dilma manteve e/ou
ampliou programas do governo Lula, mas não foi capaz de fazer concessões que
atendessem a todo o espectro de trabalhadores e nem de grande parte da
pequena-burguesia. Com isso, contradições e insatisfações se acumularam. Parte delas veio
à tona em julho do ano passado. Porém, na ausência de alternativas políticas de
peso que encampassem as lutas pelas demandas básicas e, muito menos, efetuassem um trabalho de articulação às demandas históricas, fomentando a consciência da
necessidade de profundas transformações sociopolíticas, as forças conservadores/reacionárias, a
partir de certo momento, prevaleceram. Daí, as comportas que continham as forças de direita
racharam e, cada vez mais, com o apoio do próprio PT (tanto pelos abusos cometidos
quanto pela histórica e acrítica assunção da rasa bandeira pela ética na
política), o discurso moralista contra a corrupção envolveu em “forma nobre” as
imundas ondas da reação política, que passaram a conquistar corações e mentes
em todos os espectros da classe trabalhadora e da pequena-burguesia.</span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Pois
bem, como possuem uma estrutura socioeconômica mais complexa, diversificada e desenvolvida, e,
portanto, contam com uma população que, em termos relativos, não vivenciou, tanto
quanto a população do Norte/Nordeste, os impactos positivos das políticas
públicas da última década, os efeitos do esgotamento dessas ações distributivas
e a ascensão da conservadora onda moralizante foram sentidos primeiro em São
Paulo e nos estados adjacentes (Sudeste/Sul). No primeiro turno, seus efeitos eleitorais foram bastante visíveis.
E como, de fato, em termos de políticas públicas distributivas, as diferenças entre o PT e o
PSDB são mais significativas para as parcelas mais pobres da população, aquele
tem enorme dificuldade de se viabilizar eleitoralmente nos estados cuja
composição social é menos permeada por aquela profunda e abrangente pobreza
estrutural. (Nesse sentido, considero que a eleição de Haddad foi mais a expressão da falência de Kassab e do PSDB na capital do que das virtudes progressistas do PT paulistano. Portanto, nada disso tem qualquer relação com conservadorismo ou progressismo congênitos - cuja admissão, em política, tem efeitos conservadores e desorientadores). Mas, para construir sua viabilidade eleitoral em São Paulo, seriam necessárias ideias e ações
políticas mais à esquerda, o que somente poderia ocorrer com maior
enraizamento e participação popular nas atividades cotidianas e nas instâncias
deliberativas do partido e, também, se o partido sofresse muito mais influência
direta daquelas parcelas da classe trabalhadora que, via movimentos populares
ou sindicatos, ele exerce alguma influência (ao menos eleitoral). Isso porque, somente assim, o partido poderia acenar com ações políticas mais profundas e de mais amplo espectro populacional (Não cabe, aqui, analisar quais as contradições que, com isso, seriam acionadas em razão da estreiteza econômica de nossa <i>via colonial</i>). </span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Nesse
sentido, considero que o voto em Dilma não pode estar carregado de expectativas
acerca de mudanças profundas nas políticas públicas e nem num possível “giro à
esquerda”, por meio do qual o PT viesse a se reconstituir como partido de profundo
enraizamento nas lutas cotidianas das massas populares. Para muitos e muitos
trabalhadores e pequeno-burgueses, sabendo que, para a recomposição de suas taxas
de lucro, o capital terá que endurecer seu combate à organização, à luta e aos
direitos dos trabalhadores, o voto em Dilma neste segundo turno expressa a
necessidade, de um lado, de derrotar eleitoralmente as forças reacionárias que
estão compostas e satisfeitas com Aécio (muitas delas, inclusive, abertamente
contrárias às mais elementares conquistas democráticas); de outro, num campo
menos desfavorável para as lutas de classes, fortalecer partidos e movimentos
em prol da manutenção/aprofundamento dessas conquistas e, por ora, de maneira
subsidiária, trabalhar intensamente no sentido da construção da consciência de
classe voltada para a emancipação dos trabalhadores – e, por meio dela, humana.</span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: left;">
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, 'Times New Roman', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Em suma, na atual conjuntura, o voto em Dilma não significa que o medo deu lugar à esperança, mas que, devido às tenebrosas forças do atraso que estão embrenhadas na outra candidatura, o medo da reação pode tornar um pouco menos difícil a árdua tarefa de trazer à luz, embora não pelo PT, alguma esperança para as forças do trabalho.</span></div>
</div>
</div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-27939638716174708762014-10-11T13:50:00.005-03:002014-10-28T09:41:48.376-02:00Historieta política: – “Você vai votar na Dilma?” (I)<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: large;">Para
muitos – alguns diriam, os mais sensatos e informados –, essa pergunta deveria
ter uma resposta óbvia: Não! Isso porque não há dúvida de que petistas
cometeram graves delitos em órgãos e empresas estatais. Negar essa apropriação
indevida de dinheiro público seria expressão de uma cegueira não apenas ante os
argumentos daqueles que se opõem ao governo e ao partido, mas aos próprios
fatos e, em termos pessoais, uma desqualificação infundada dos oponentes. Outra
parcela, menos expressiva e ocupando uma posição à esquerda no espectro sociopolítico,
também considera que não se deve votar em Dilma porque, há muito tempo, o PT tornou-se
um dos partidos da ordem, cujas ideias e ações convergem, de modo geral, às das
classes dominantes. Para mim, não resta dúvida de que essas duas afirmações são
verdadeiras. Como se sabe, muitos defensores do governo e do PT negam uma, outra
ou, ainda, as duas. Seriam eles iludidos, equivocados, acríticos ou
interessados? Não trataremos, aqui, desta questão. Isso não porque ela seja de pouca
importância, mas porque a reflexão que se desenvolve aqui tem outro objetivo,
que é apenas responder à pergunta acima: – “Você vai votar na Dilma?”</span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Para
respondê-la, é necessário destacar que, diante dos fatos incontestáveis acima
descritos e em meio a indefinições relativas às medidas necessárias para a
superação da crise econômica (embora, diga-se, uma crise que não é somente
nacional, mas mundial), eu, se fosse um dos membros da classe dominante – e, é
claro, dependendo de qual fração dessa classe fosse –, estaria pensando
seriamente em votar em Aécio (na verdade, é bastante provável que já tivesse me
decidido). Não porque, em razão desta condição social, eu me consideraria
inteligente ou teria uma escolaridade acima da média (e, portanto, não seria
“desinformado”), mas porque, em termos puramente pragmáticos, meu interesse
mais fundamental estaria em jogo – o bolso. Ou melhor, não só o meu interesse,
mas o interesse de <i>tantos </i>outros
iguais a mim – ou seja, cerca 0,5 % da população brasileira.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Estar
no topo da pirâmide social, porém, é algo muito pouco provável (em percentuais,
tão pouco quanto, partindo de baixo, chegar até ele). E, sabendo disso, observo
um paradoxo interessante: das pessoas que conheço e que defendem tanto a
existência da desigualdade social quanto a ascensão pelo mérito, são raras as
que ascenderam nessa pirâmide – se é que conheço alguma que, estando lá hoje,
não estava desde quando nasceu. Decerto, alguns poderiam simplesmente dizer que
é tudo uma questão de tempo. No entanto, como eu e meus amigos não somos propriamente
novos, nós, talvez, simplesmente não sejamos inteligentes e/ou não nos tenhamos
nos dedicado ou nos sacrificado o suficiente para este qualitativo salto social.
Mas, deixando de lado as profundezas dos motivos e ignorâncias individuais – ainda
que, cada um tendo seu próprio motivo, o fato coletivo é que são raros os
vitoriosos na selva do mercado –, é mais adequado (porque é mais provável)
pensar na situação inversa: e se eu estivesse no polo oposto da pirâmide
social? Isto é, e se eu fosse pobre o suficiente para ser membro de uma dessas 20
milhões de famílias que recebem a Bolsa-família ou foram beneficiadas pelo
PROUNI ou, então, pelo programa Minha Casa Minha Vida? E mais, e se, neste
caso, eu também não vislumbrasse qualquer alternativa política e/ou eleitoral mais
consistente e promissora? Confesso que, nesta situação, haveria uma grande
possibilidade de que, mesmo que por motivos puramente pragmáticos, eu votasse
na Dilma. Penso, inclusive, que eu também teria (e tenho) o direito de ser
pragmático. Ou, ao contrário do pragmatismo daquele 0,5%, o meu pragmatismo
seria o resultado da inépcia e da manipulação alheia? Se for isto, por que,
então, o deles é considerado uma manifestação de inteligência? Seria porque, em
razão dos preconceitos reinantes, o único pragmatismo válido é o dos ricos? Sei
lá! Sei apenas que, por motivo semelhante, também votaria na Dilma se fosse um
dos 21 milhões de aposentados que recebem salário mínimo e que, nos últimos 12
anos, tiveram aumento de 70% (em termos reais) em seus rendimentos. E, ainda,
acho que votaria se fosse um dos milhões de trabalhadores assalariados que
ganham salário mínimo (ou próximo dele) e que, num contexto de enormes
dificuldades de organização sindical, tiveram seus rendimentos elevados pela
política de valorização do piso salarial na última década – política, afinal,
dos governos petistas. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Sobre
essas escolhas, eu gostaria de destacar que, com elas, eu não estaria dizendo
(como não estou) que problemas não existem. Na verdade, eles existem, são
muitos e são graves. Sobre isso, basta um breve olhar para a precariedade dos
serviços públicos, da repressão policial e judiciária, das carências materiais
e culturais, da violência urbana e do stress provocado pelo caos cotidiano das
grandes cidades – além, é claro, do mais fundamental de todos, a permanência da
(super)exploração do trabalho. Diante disso, meu voto poderia parecer pura e
simples resignação, pois eu ainda acrescentaria o seguinte fato: esses
problemas não surgiram agora, mas vêm de há muito tempo. Por conseguinte, se
eles perpassam décadas ou séculos, a simples constatação de sua existência não seria
suficiente para me empurrar automaticamente para uma candidatura identificada
com os interesses dos mais ricos. Isso porque, como é até mesmo do saber
infantil, o fato de não gostar muito disso não significa que, inevitavelmente, eu
tenha que gostar daquilo. Em política, neste momento, temos uma situação
parecida: o desgosto em relação a um determinado indivíduo/partido (no caso, Dilma/PT)
não implicaria (e realmente não implica) o desejo de trocá-lo por outro (no
caso, Aécio/PSDB), sobretudo se, em relação aos meus interesses, este outro não
tivesse boas referências e, por isso, não me inspirasse confiança. Pois, aí, não
haveria nenhuma evidência de que ele iria resolver os problemas que aquele não
conseguiu (ou não tentou); pior, ainda poderia colocar em risco algumas das minhas
poucas conquistas.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Em
suma, sem outros mundos/sociedades a vislumbrar, aprisionado ao presente e – por
menores que sejam – temeroso de perder alguns direitos arduamente conquistados,
tais motivos me pareceriam suficientes para, como indivíduo pobre e pragmático,
alicerçar o desejo de manutenção do governo atual. Nesse caso, eu provavelmente
votaria Dilma, votaria 13.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">O
fato, porém, é que, para o bem ou para o mal – e, como vimos, de acordo com o
discurso do mérito, por incompetência ou leviandade –, não faço parte daquele
0,5% de endinheirados que, trabalhem ou não, se apropriam da riqueza resultante
do trabalho alheio. Igualmente, também não pertenço aos milhões de brasileiros
pobres que dependem de algum auxílio estatal para satisfazer algumas de suas necessidades
mais básicas. Como tantos milhões de brasileiros, sou daqueles que vivem
somente do próprio trabalho (ou porque vendem a força de trabalho ou, em menor
número, porque trabalham por conta própria) e, ao menos dos listados acima –
isto é, para necessidades básicas –, prescindem do auxílio estatal. Sou, então,
um tipo bastante comum: professor, bancário, funcionário público, técnico em
informática; ou, ainda, tenho algum negócio próprio: sou médico, advogado,
pequeno lojista, dono de boteco. Em suma, estou bastante espalhado por aí e,
ainda, tenho certos meios e capacidades que me qualificam como um “formador de
opinião” – ou seja, alguém capaz de ajudar outras pessoas a se posicionar sobre
certos assuntos.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Sendo,
então, este tipo comum, pergunto: quais motivos eu teria para votar em Aécio? Pelo
que alguns dizem por aí, deveria votar nele porque a corrupção está instalada no
governo atual. Eis, de fato, um bom motivo. No entanto, como sou minimamente
informado, sei de duas coisas importantes que me deixam em dúvida: 1) a
corrupção não é um problema ocasional, fortuito, mas estrutural do nosso país (e
não só), e que, portanto, está inscrita há séculos no modo de organizar e fazer
política. Lembro-me, inclusive, que, desde criança, os noticiários vivem repletos
de casos desta natureza. Os escândalos da época da ditadura (Capemi,
Coroa-Brastel, Lutfalla, Baumgarten, Tucuruí, Banco Econômico, Transamazônica,
Ponte Rio-Niterói) – que, de fato, foram pouco investigados porque, na época,
não existiam, nem formalmente, as tais liberdade de imprensa e independência
dos poderes –, dos governos Sarney, Collor, Itamar e FHC (compra de votos para
reeleição, Marka, Sivam), dentre tantos outros; 2) embora eu seja um tipo comum,
não sou tão ingênuo quanto pareço e, por isso, não creio que um problema com raízes
tão profundas na história e nas instituições do país possa ser resolvido por
declarações de boa vontade de qualquer candidato. Pois, não bastasse o PT,
lembro-me de tantos outros que fizeram promessas idênticas: desde os tempos do
PSD e da UDN e, depois, da abjeta ARENA, passando pelas últimas décadas e
instâncias governamentais, chafurdaram na lama da corrupção praticamente todos
os grandes partidos – PSDB, PP, PMDB, DEM, PSD. E, ainda, me informo sobre os
doadores que financiam as campanhas atuais, que, como sabem, são principalmente
as empreiteiras e os bancos. Diante disso, alguém duvida de que, mais adiante, essas
empresas cobrarão os compromissos daqueles que elas apoiaram? E que, por sua
vez, muitas “excelências” trocarão favores com o executivo (em todas as instâncias)
em prol da famosa governabilidade?<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Num
momento de lucidez, abafando a raiva e a intolerância direitista à reflexão,
muitos críticos empedernidos do governo atual poderiam até concordar com minha
argumentação (ou, então, apresentar outros argumentos para a discussão). Mas,
além dos xingamentos corriqueiros, algum deles, com certa razão, poderia dizer:
– “Você deveria votar no Aécio porque a economia vai mal e isto te afeta
diretamente”. De fato, sendo eu esta pessoa comum e pensando de modo
pragmático, eis outro bom motivo pelo qual este candidato poderia levar meu
voto. Porém, como aprendi na escola que se deve cultivar a dúvida, há, no
entanto, mais dois aspectos importantes que me desestimulam a dá-lo: 1) nem
mesmo Poliana sonha que os governos – sejam eles quais forem – têm absoluto
controle sobre os ciclos econômicos. Se fosse assim, o crescimento econômico
seria uma simples questão de vontade e de competência. E, afora certos
comentaristas da CBN e da Globonews, nem o mais inepto dos economistas defenderia
isto; 2) como o crescimento ou a crise econômica não são processos abstratos,
mas concretos, eles podem ocorrer com maiores ou menores consequências sociais
(positivas ou negativas). E, aqui, temos uma situação rara, senão única, na
história brasileira: em razão das políticas públicas de aumento da renda dos
mais pobres, a crise (que não é brasileira, mas mundial) não tem se desdobrado
em taxas elevadas de desemprego (5,8%), como ocorreu nos governos Collor
(1991-2: 7,2%) e FHC (1999:12%; 2002: 12,2%). No mais, como as taxas de
desemprego têm efeitos sobre as relações sociais, eu, mesmo não estando
desempregado, acho que estaria sofrendo mais – com a violência urbana, por
exemplo – se elas estivessem nos níveis da década de 1990.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;">Outro
motivo ainda poderia me empurrar à urna e votar 45: não a positividade da
candidatura de Aécio, mas, ao contrário, uma negatividade, a minha fúria com a
corrupção e a incompetência dos petistas. No entanto, ocorre que, dada a minha
descrença de que esta situação possa ser alterada por meio de uma simples troca
de governo – esteja Aécio ou qualquer outro no Planalto –, tal voto seria
apenas uma vingança pessoal contra “PTralhas” e “comunistas”. Isso, porém, me
desqualificaria, tendo em vista que estaria esmagando a mesma justiça que
invoco para, com seus critérios equânimes, punir e educar os infratores.
Utilizando-me de dois pesos e duas medidas, estaria, como muitos – inclusive os
que julgo criminosos –, sendo absolutamente falso, um mau caráter. Por isso,
para salvar a minha consciência – e certos direitos dos mais pobres –, jamais
poderia votar em Aécio Neves.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: large;"><br /></span></div>
<span style="font-size: large;"><br /></span>
<div class="MsoNormal">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif";"><span style="font-size: large;">Enfim,
talvez eu não seja tão bem informado quanto algumas pessoas que declaram seus
elevados motivos pelas redes sociais para não votar em Dilma e, em consonância,
resolveram abraçar a causa anticorrupção e, nela, escolher como seu baluarte o
presidenciável Aécio Neves. Argumentos longos e complexos como: “O PT vai
transformar o Brasil numa Cuba!” “Estamos virando uma nova Venezuela!” “Abaixo
a CLT para domésticas!” “Tradição, família e propriedade!” “Abaixo os médicos
cubanos”! “(Ah, estes últimos não valem, pois, se não forem médicos, são
pessoas que têm planos de saúde e, por isso, só procuram o SUS para
procedimentos caros, complexos ou, então, para pegar, gratuitamente,
medicamentos de alto custo). Mas, não sendo tão tosco como alguns supõem, eu,
pelos motivos expostos acima, não estou convencido de que votar em Aécio seja uma
boa opção – isso, talvez, porque sou um tipo comum.</span><o:p></o:p></span></div>
</div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-8621631568813958727.post-19646659108112573072014-10-10T19:00:00.004-03:002014-10-28T09:39:14.396-02:00Contra o moralismo<div style="text-align: justify;">
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"> </span><span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;">Num
tempo de loucos, no qual a ruína das utopias tem eternizado o presente, os
justos anseios pelo fim do mau uso dos recursos públicos têm sido envolvidos
pelo ódio e bestialidade dos xingamentos, pelo moralismo tacanho e, entre
trabalhadores e pequeno-burgueses, têm provocado a cegueira ante o sentido das
mudanças em curso. Cada vez mais, o justo sentimento contra a corrupção une-se
às causas mais espúrias, da aversão à manutenção/ampliação dos direitos civis
(por exemplo, os casamentos de homossexuais) e sociais (cotas, programas
assistenciais) à explícita apologia dos governos ditatoriais, numa clara
rejeição das nossas (poucas) conquistas democráticas (os saudosistas da
ditadura que elegeram Bolsonaro, Heinze e similares). Nesse claro-escuro
ideológico, os verdadeiros problemas do país (a concentração da propriedade e
da riqueza, a subalternidade técnica e financeira aos capitais dos países
centrais, a autocracia do aparato estatal, entre outros) são encobertos pela
cortina de fumaça da “corrupção” e da “incompetência”, desviando a atenção de
muitos e desperdiçando forças políticas que poderiam ser utilizadas em prol de
mudanças reais e fundamentais. E o pior é que, com isso, observa-se um triste
cenário em que trabalhadores, negros, homossexuais, pobres indivíduos
religiosos das periferias e tantos outros oprimidos e explorados têm aderido
acriticamente à marcha moralizante (manifesta em sua ode à “família”) sem, de
modo geral, se aperceberem que, por não atacar os fundamentos da corrupção – o
Estado burguês e a ordem do capital que o sustenta –, tal moralismo os tem, na
esfera política, como suas principais vítimas em potencial.</span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: 'Revival565 BT', serif; font-size: 12pt; line-height: 115%; text-indent: 35.4pt;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Diante
disso, há que se destacar também que, além desses motivos mais estruturais,
existem outros – por assim dizer, mais conjunturais – que têm levado o
moralismo a ocupar um lugar de destaque nessas eleições: 1) os escândalos de
corrupção que, desde o famoso “mensalão”, têm sido um tormento nos/dos governos
petistas; 2) o fato de escândalos como este estarem ocorrendo num partido que
sempre se postou ostensivamente contra esta prática tão comum aos tradicionais
partidos burgueses; 3) como cristão novo na administração federal – e mais, um
cristão novo que, à sacrossanta basílica do Estado, levou indefectíveis
“cheiros” e “trejeitos” populares –, seus pecados – veniais entre os antigos
cardeais políticos do capital – se tornaram pecados mortais; 4) ante a
incapacidade de, sob a regência do capital (e mais, num país periférico),
vislumbrarmos soluções substantivas aos problemas sociais, qualquer política
pública de verniz democratizante e distributivista tem que ser estigmatizada
como “comunista” (daí, por exemplo, a pletora de ignaros que enchem o peito
para xingar e/ou identificar os petistas como comunistas). Ocorre que, no quesito
corrupção, praticamente todos os “partidos da ordem” carregam os bônus e os
ônus da venda de suas indulgências (ou salvo-condutos) às finanças públicas. Do
DEM ao PT, passando por PSDB, PMDB, PSB, PPS etc., todos os apoiadores da ordem
do capital têm suas consciências pesadas pela adoração inconteste ao moderno
Baal – o dinheiro.<o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Nesse
contexto de complexos problemas, então, nada mais impróprio do que orientar as
escolhas políticas por este ou aquele partido, este ou aquele candidato, em
razão de suas promessas de “moralização” da máquina estatal – a não ser, é
claro, que as escolhas sejam animadas pelo sentimento de vingança (contra uns)
e a complacência (para com outros). Postura que cai bem para o moralista, mas
que passa muito longe da ética e do senso de justiça que, curiosamente, ele
tanto vocifera. Mas, porém, se não é um problema conjuntural, mas estrutural,
não podendo ser resolvida por medidas administrativas deste ou daquele partido,
a corrupção (ou o discurso contra ela) não pode se constituir no critério
orientador do voto. O que não significa, de modo algum, complacência para com
tão grave problema; significa apenas o reconhecimento do lugar que lhe é devido
– isto é, subordinado a problemas maiores e mais substanciais. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Para
os trabalhadores (e, até mesmo, para frações da pequena-burguesia), essas
eleições – como todas as outras – devem servir como meio/momento de acúmulo de
forças para lutas mais árduas e conquistas mais duradouras. Embora, na difícil
conjuntura atual, o objetivo imediato seja salvaguardar os direitos
trabalhistas, sociais e políticos conquistados. É este o critério que, rompendo
as brumas do moralismo, os trabalhadores devem se apoiar em suas escolhas.
Sendo assim, lembro que temos, de um lado, a candidatura pessedebista de Aécio
Neves, que conta com as frações da burguesia mais articuladas ao capital
internacional, e que, portanto, é declaradamente avessa às regulações estatais
que, segundo os membros destas frações, oneram as empresas e limitam o
movimento dos capitais e a concorrência entre os trabalhadores. De outro, a
candidatura da petista Dilma, que, numa composição de forças em que o peso da
grande burguesia industrial de matriz nacional é mais acentuado, a regulação
estatal é mais presente, sendo, então, menos afeita a desregulamentações que
venham a promover o “salve-se quem puder” da selvageria mercantil, tanto entre
os capitais quanto entre os trabalhadores. Não se trata, portanto, de uma
candidatura do capital (PSDB) contra outra que, ao seu modo, representa o trabalho
(PT), nem, muito menos, dos técnicos competentes e bonzinhos que, de terno e
gravata, administram bem e combatem a corrupção contra os maldosos e
incompetentes sindicalistas que, corrompidos pelas benesses do poder,
inauguraram a era da malversação dos recursos públicos no Estado brasileiro.
Deixemos a simplificação inepta, o maniqueísmo e a miopia para os religiosos.
Em política, não há santos nem demônios. Nesta disputa, ambas são candidaturas
condizentes com os interesses do capital. Por isso, para os trabalhadores,
trata-se de avaliar qual delas é menos desfavorável à execução das ações
concernentes às suas lutas sindicais e políticas. Ou, ainda, se não for nenhuma
das duas, qual é o posicionamento mais adequado a ser tomado neste momento. <o:p></o:p></span></div>
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;"><br /></span></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-indent: 35.4pt;">
<span style="font-family: "Revival565 BT","serif"; font-size: 12.0pt; line-height: 115%;">Como
não sou adepto do quanto pior (em termos sociais) melhor (para as lutas do
trabalho), considero que um voto crítico na Dilma – mas muito crítico mesmo,
com pressões e exigências – é o que, em termos eleitorais, os trabalhadores
podem fazer neste momento.<o:p></o:p></span></div>
</div>
<div style="display: inline; font-size: 14px; line-height: 19.3199996948242px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif;">
</span>
<br />
<div style="background-color: white; color: #141823;">
</div>
</div>
Ronaldo Gasparhttp://www.blogger.com/profile/09033289023078230435noreply@blogger.com0